A vida fora do Brasil: entre o sonho e a saudade
Morar fora do Brasil é o sonho de muita gente. A vida nos Estados Unidos, especialmente no Texas, parece perfeita para quem vê de longe. Mas a realidade de morar em outro país é muito diferente do que aparece nas redes sociais. Entre conquistas, desafios e uma saudade que nunca vai embora, descobri que morar fora é viver entre dois mundos — e aprender todos os dias a valorizar o que realmente importa.
Bom, para mim nunca foi um sonho. Eu nunca nem pensei nisso na minha vida. Antes de vir para os Estados Unidos, nunca passou pela minha mente viajar, e muito menos morar em outro país.
Isso foi algo que aconteceu de repente. Apareceu a oportunidade e pronto. Bendito momento em que, pela primeira vez na vida, eu e meu marido soubemos aproveitar uma chance e lutar por ela com unhas e dentes!
Na verdade, isso para mim era tão estranho, dava um medinho, sabe? Nos programamos por três anos, e no primeiro deles eu ainda dizia que não viria, que meu marido iria sozinho. Eu demorei para me acostumar com a ideia.
Depois de quase seis anos morando aqui no Texas, percebo que as pessoas do Brasil, que me conhecem, me veem de uma maneira diferente. Às vezes até dizem que é bom poder conversar comigo e se surpreendem porque respondi uma mensagem no direct do Instagram. Elas acham que eu não daria atenção só porque moro em outro país.
Descobri que muita gente pensa isso de mim. Outras me perguntam como é morar fora e dizem: “Nossa, que sonho!”
Mas vou ser bem sincera: é daqueles sonhos confusos, que numa hora parecem maravilhosos e, de repente, se tornam complicados.
É uma mistura de sentimentos, experiências e momentos que marcam a vida para sempre. Como um aniversário, uma formatura, ou até mesmo quando encontro alguém que conheci no Brasil e, do nada, vejo na minha frente aqui. Às vezes parece que vivo em outro mundo, acompanhando minha família e amigos apenas pelas redes sociais. Reencontrar alguém desse “outro mundo” aqui, no mesmo espaço que eu, é uma sensação de sobrevivência! Hahaha.
Tem dias em que bate uma tristeza enorme. Uma saudade de tudo e de todos. Esses dias são os mais difíceis: dá um nó na garganta, o coração parece bater devagar e a respiração fica sufocada.
A vontade que dá é pegar um avião e só parar quando chegar do outro lado desse mundo que faz tudo diferente do que eu conhecia: fala outra língua, tem costumes estranhos que só parecem legais nos filmes, mas que, na realidade, são bem esquisitos.
E o mais engraçado é ver que tudo o que fazemos aqui fica romantizado por quem está do outro lado da tela.
Vou te dizer, meu querido leitor: esse sonho, muitas vezes, é um pesadelo. Tem a parte boa, mas, como sempre, a parte ruim parece ter mais impacto. Às vezes tenho a sensação de que estou perdendo muito tempo, que perdi a infância dos meus sobrinhos e a velhice dos meus pais. Isso é doloroso, acredite.
Se eu pudesse, teria trazido todos para junto de mim — para comemorar os Natais e finais de ano sempre juntos, para celebrar aniversários e bater aqueles papos bons que, por telefone, nunca são a mesma coisa.
Eu tento sempre olhar o lado positivo das coisas, para não ficar tão triste e para aprender a conter a saudade. Tento compartilhar algo com eles, mas às vezes desisto de mandar fotos e vídeos porque parece que estou esbanjando o sonho que todos veem. Não sei… é estranho.
Talvez a vida perfeita que os outros enxergam não exista. O que existe é uma vida real, feita de escolhas, renúncias e saudades. E morar fora me ensinou que o coração nunca cabe inteiro em um só lugar. Parte de mim está aqui, no Texas, mas a outra parte sempre vai estar no Brasil. Entre a dor da distância e a beleza do recomeço, eu sigo vivendo — aprendendo a valorizar cada detalhe e a transformar a saudade em força para continuar.